Gosto de ti calada (Poema 15)


Gosto de ti calada porque estás como ausente, 
e me ouves de longe, e esta voz não te toca. 
Parece que os teus olhos foram de ti voando 
e parece que um beijo fechou a tua boca. 

Como todas as coisas estão cheias da minha alma 
tu emerge das coisas, cheia da alma minha. 
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma, 
e pareces-te com a palavra melancolia. 

Gosto de ti calada e estás como distante. 
E estás como queixando-te, borboleta em arrulho. 
E ouves-me de longe, e esta voz não te alcança: 
vais deixar que eu me cale com o silêncio teu. 

Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio 
claro como uma lâmpada, simples como um anel. 
Tu és igual à noite, calada e constelada. 
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples. 

Gosto de ti calada porque estás como ausente. 
Distante e dolorosa como se houvesses morrido. 
Uma palavra então, um teu sorriso bastam. 
E eu estou alegre, alegre porque não é verdade. 

Pablo Neruda (n. Parral, Chile 1904; m. 23 Set 1973 em Santiago) 
in Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada 
(Publicações Dom Quixote)


作者
巴勃罗·聂鲁达

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