Monangamba


Naquela roça que não tem chuva é o suor do meu rosto que rega as plantações;  Naquela roça grande tem café maduro e aquele vermelho-cereja são gotas do meu sangue feitas seiva.  O café vai ser torrado, pisado, torturado, vai ficar negro, negro da cor do contratado!  Negro da cor do contratado!  Perguntem às aves que cantam, aos regatos de alegre serpentear e ao vento forte do sertão:  Quem se levanta cedo? quem vai à tonga? Quem trás pela estrada longa a tipóia ou o cacho de déndén? Quem capina e em paga recebe desdém fubá podre, peixe podre, panos ruins, cinqüenta angolares porrada se refilares?  Quem?  Quem faz o milho crescer e os laranjais florescer — Quem?  Quem dá dinheiro para o patrão comprar máquinas, carros, senhoras e cabeças de pretos para os motores?  Quem faz o branco prosperar, ter a barriga grande — ter dinheiro? — Quem?  E as aves que cantam, os regatos de alegre serpentear e o vento forte do sertão responderão: — Monangambéée...  Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras Deixem-me beber maruvo, maruvo e esquecer diluído nas minhas bebedeiras — Monangambéée...


作者
António Jacinto

报错/编辑
  1. 初次上传:zhy
添加诗作
其他版本
添加译本

PoemWiki 评分

暂无评分
轻点评分 ⇨
  1. 暂无评论    写评论